Mutação
Mutação
Por Raissa Fortes
Meu primeiro curso de graduação foi o de Direito. Escolhi baseada em alguns gostos e preferências da época, como ler e escrever, principalmente livros de suspense, o que me fez perseguir o sonho glamoroso de ser uma grande detetive ou algo do tipo, desvendando mistérios e grandes histórias.
Além desse lance de suspense, acredito que a juventude é uma fase na qual se tem muitas ideologias e pensamentos utópicos, chegando a serem um pouco ingênuos e deslumbrados. Mas, claro, não vamos ser injustos, pois esses pensamentos também geram grandes feitos, pois são dotados de coragem e rebeldia necessárias para se quebrarem certos paradigmas. Portanto, não escapei desses pensamentos, e um dos meus sonhos também, era o de mudar o mundo.
Queria fazer justiça, tornar possível o sonho da igualdade, fraternidade e da liberdade sem fronteiras. Isso era o que mais acreditava na época!
Aos longo dos anos e do próprio decorrer do curso de Direito, o qual me formei, fui percebendo que esse sonho à la francesa, ia ficando distante e cada vez mais inalcançável. Motivos não faltavam, sendo a cultura em si um grande obstáculo, a natureza humana, a forma como tudo esta organizado e eu mesma. Coisas não muito simples de vencer e mudar.
Não que não seja possível, que a transformação ocorre a cada dia, a cada gesto, a cada atitude, assimilando tudo e mixando na cultura e essa sendo passada de geração em geração. Sou uma pessoa otimista. E, fui percebendo que talvez, eu estivesse buscando a mudança de forma errada.
Quando decidi mudar de curso e recomeçar, fazendo Design de Interiores, em meu primeiro dia de aula, nunca me esquecerei do que uma querida Professora me disse, quando expliquei para ela que abandonei a ideia de mudar o mundo no sentido iluminista: “Agora vai ser realmente possível mudar o mundo. Literalmente”.
Hoje mudo vários mundos, de várias maneiras, formas e cores, inclusive o meu! Busco a igualdade entre os objetos, a fraternidade dos materiais empregados e a liberdade da criação. Um mundo justo e cercado dos “mistérios” do comportamento gerado pelo Design e suas frentes. Afinal “não se pode fazer uma revolução, sem a revolução” (Robespierre).
Beijus e até!